Por Paulo Emílio, Pernambuco 247
A disputa pelo
Governo de Pernambuco vem ganhando ares de uma guerra iminente. De um
lado, o senador Armando Monteiro Neto (PTB), que lidera as pesquisas de
intenção de voto e cuja candidatura tem o apoio do PT e consequentemente
o apoio da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Do outro lado, o ainda desconhecido do eleitorado e
ex-secretário da Fazenda Estadual, Paulo Câmara (PSB), que tem o
ex-governador e presidenciável Eduardo Campos como seu maior cabo
eleitoral para cumprir a missão que lhe foi confiada: ganhar a eleição
para governador e assegurar a continuidade do legado de Campos.
Considerado um quadro técnico por excelência, o economista Paulo
Henrique Câmara, nunca disputou um cargo público eletivo. De perfil
discreto, ele é considerado um dos homens de confiança de Campos e
assumiu, ao longo dos dois mandatos do ex-governador, os cargos de
secretário de Turismo e da Fazenda. A sua indicação foi bem recebida
pelos fazendário estaduais, uma vez que é auditor concursado da
categoria, uma das mais politizadas do Estado.
Pragmático, Câmara conseguiu se livrar da pecha atribuída à maioria
dos secretários que o antecederam, de perseguidor de sonegadores. Em
função de sua atuação, ele acabou angariando a simpatia do empresariado
além de ter sido responsável pela interlocução do Governo do Estado com a
União. Algumas das posições defendidas atualmente por Campos em sua
campanha rumo ao Planalto, como a criação de um novo pacto federativo e a
compensação das perdas financeiras de estados e municípios, tiveram a
sua participação de maneira incisiva.
Câmara, também foi um dos formuladores do Fundo Estadual de Apoio ao
Desenvolvimento Municipal (FEM), que prevê a liberação de recursos
estaduais para os municípios de forma ágil e desburocratizada, ideia que
Campos pensa adotar no seu projeto presidencial e estender para todo o
País caso seja eleito no pleito de outubro. Esta medida, por sinal,
assegurou a simpatia e o apoio de muitos prefeitos do interior em tono
do seu nome para a disputa estadual.
O seu perfil discreto, mas com forte atuação nos bastidores, e a sua
abertura ao diálogo foram alguns outros pontos decisivos na escolha de
Campos acerca da sua indicação para disputar a sucessão estadual.
Associado a isto, Câmara também se enquadra no que Campos convencionou
chamar de nova política, uma renovação nos quadros e nas lideranças
políticas, um outro mote de sua campanha presidencial.
Apesar das credenciais, Câmara ainda é desconhecido de boa parte do
eleitorado pernambucano, assim como Eduardo Campos em nível nacional. E
se Campos conta com a força da ex-senadora Marina Silva, candidata a
vice na chapa presidencial do PSB, para alavancar a sua candidatura
presidencial, Câmara conta com os altos índices de aprovação do
ex-governador – que deixou a gestão com mais de 80% de aprovação - para
aumentar as suas chances na corrida eleitoral. Com o apoio de cerca de
20 partidos, Câmara também terá um bom tempo de televisão à sua
disposição para tornar-se mais conhecido pela população pernambucana.
O seu adversário, o senador Armando Monteiro, tem levado, pelo menos
aparentemente, uma certa vantagem. Eleito três vezes deputado estadual,
em 2010 Armando foi eleito o senador mais votado do Estado, com mais de
3,1 milhões de votos, na chapa liderada pelo então aliado Eduardo Campos
e que também era composta também pelo senador Humberto Costa (PT).
Liderando as pesquisas de intenção de voto – Armando possui a menor
taxa de rejeição entre os colocados na disputa pelo Palácio do Campo das
Princesas e figura com 39% das intenções de voto, segundo pesquisa
feita pelo Instituto Maurício de Nassau em parceria com o Jornal do
Commercio, contra apenas 12% do adversário Paulo Câmara -, o senador vem
conseguindo apoio politico em torno da sua postulação. Esta força é
evidenciada, segundo a pesquisa, na liderança da sua candidatura em
todas as regiões do Estado.
Presidente estadual do PTB, Armando lidera atualmente a segunda maior
força política do Estado. A legenda trabalhista possui 25 prefeitos,
250 vereadores, quatro deputados federais e sete estaduais. Para
fortalecer a sua candidatura, porém, Armando sabe que é necessário bem
mais que ter o PTB unido e torno de se nome. Seguindo a orientação
nacional da legenda, o parlamentar costurou em nível estadual uma
aliança com o PT e tem como candidato ao Senado o ex-prefeito do Recife,
João Paulo, que tem boa penetração junto ao eleitorado estadual, em
especial o da Região Metropolitana do Recife.
Além deste reforço estadual, Armando também contará com os maiores
cabos eleitorais que um candidato pode desejar. A primeira movimentação
neste sentido será feira nesta segunda-feira (14), quando a presidente
Dilma virá a Pernambuco para o lançamento do navio Dragão do Mar,
construído em Suape, e para inaugurar a primeira etapa da Adutora do
Oeste, no Sertão pernambucano. A vinda de Dilma ao Estado – no mesmo dia
em que Campos lança sua candidatura presidencial, em Brasília – teve a
articulação de Armando. Na sequência, Armando terá ao seu lado o
ex-presidente Lula, dono de um carisma inigualável junto à população.
Com a polarização da disputa, resta saber que fará melhor uso das
armas que estão à sua disposição para vencer a corrida eleitoral. Mais
do que o Palácio do Campo das Princesas, as eleições estaduais serão uma
demonstração de força, tanto da parte de Dilma como do PSB, e o
vencedor da batalha será conhecido em outubro.
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